Resgate da dívida alemã, contraída por nazis

>> maio 31, 2011

A Alemanha provocara a hecatombe  da 2ª Guerra Mundial. Mas teve depois ajuda - bem suave - para sair do buraco financeiro em que caira.

À meditação da troica, dos políticos, economistas e jornalistas, da Sra. Merkel e de todos os portugueses.

Ainda bem que existem pessoas que não têm memória curta



 Estamos em 1951. A Alemanha, depois de conduzida por políticos loucos, mas apoiados pelo seu povo

I
Estamos em 1951. A Alemanha, depois de conduzida por políticos loucos, mas apoiados pelo seu povo, para uma guerra destruidora, estava dividida, ocupada por potências estrangeiras - e tinha uma enorme dívida soberana para pagar. A reconstrução do país e o seu crescimento económico eram incompatíveis com os encargos do serviço da dívida acumulada, antes e depois da guerra.
Começaram então duras negociações - conduzidas pelo lado alemão pelo histórico presidente do Deutsche Bank, Hermann Abs - entre o Governo alemão e representantes dos Governos dos países credores que levaram ao estabelecimento, em 1953, de um acordo de pagamento que, ainda hoje, constitui um excelente estudo de caso de resolução de dívidas soberanas.
II
"O Governo Federal entende que, na determinação do modo e da extensão com que a República Federal cumprirá esta responsabilidade [dívida externa alemã, anterior e posterior à 2ª Guerra Mundial], será tomada em consideração a situação geral da República Federal, incluindo, em particular, os efeitos das limitações sobre a sua jurisdição territorial e a sua capacidade para pagar"
Konrad Adenauer: Artigo I da carta de 6 de Março de 1951, integrando o Apêndice A do Acordo de Londres de 1953 sobre a Dívida Alemã.
"Este plano não poderá provocar sobre a economia alemã efeitos indesejáveis sobre a situação financeira interna nem drenar, injustificadamente, os recursos de divisa quer os actualmente existentes quer os potenciais. Os Governos signatários poderão solicitar as opiniões de peritos sobre todas as questões resultantes das negociações para a elaboração do plano bem como sobre a capacidade para pagar"
Konrad Adenauer: Artigo III da carta de 6 de Março de 1951, integrando o Apêndice A do Acordo de Londres de 1953 sobre a Dívida Alemã.
"Temos ainda a honra de, em nome dos três Governos, confirmar o entendimento do Governo Federal constante no segundo parágrafo do Artigo I e no Artigo III da carta de Vossa Excelência"
A. François-Poncet (pelo Governo da República Francesa), Ivone Kirkpatrick (pelo governo do Reino Unido), John J. McCloy (pelo Governo dos estados unidos da América): Carta de 6 de Março de 1951, integrando o Apêndice A do Acordo de Londres de 1953 sobre a Dívida Alemã.
III
O Acordo de Londres de 1953 sobre a dívida alemã foi assinado em 27 de Fevereiro, depois de duras negociações com representantes de 26 países, com especial relevância para os EUA, Holanda, Reino Unido e Suíça, onde estava concentrada a parte essencial da dívida.
A dívida total foi avaliada em 32 biliões de marcos, repartindo-se em partes iguais em dívida originada antes e após a 2ª guerra.
Os EUA começaram por propor o perdão de toda a dívida contraída após a 2ª guerra. Mas, perante a recusa dos outros credores, chegou-se a um compromisso. Foi perdoada cerca de 50% da dívida e feito o re-escalonamento da dívida restante para um período de 30 anos. Para uma parte da dívida este período foi ainda mais alongado. Assim, parte do pagamento da dívida foi condicionada à reunificação. Só em Outubro de 1990, dois dias depois da reunificação, o Governo emitiu obrigações para pagar a dívida contraída nos anos 1920.
A ideia de condicionalidade do pagamento (pagamento apenas do que se pode - e quando se pode) esteve sempre presente desde o início das negociações. O acordo visou, não o curto prazo, mas antes procurou assegurar o crescimento económico do devedor e a sua capacidade efectiva de pagamento..
O acordo adoptou três princípios fundamentais:
1 - Perdão / redução substancial da dívida;
2 - Reescalonamento do prazo da dívida para um prazo longo;
3 - Condicionamento das prestações à capacidade de pagamento do devedor.
O pagamento devido em cada ano não pode exceder a capacidade da economia. Em caso de dificuldades, foi prevista a possibilidade de suspensão e de renegociação dos pagamentos. O valor dos montes afectos ao serviço da dívida não poderia ser superior a 5% do valor das exportações. As taxas de juro foram moderadas, variando entre 0 e 5%.
A grande preocupação foi gerar excedentes para possibilitar os pagamentos sem reduzir o consumo. Como ponto de partida, foi considerado inaceitável reduzir o consumo para pagar a dívida.
O pagamento foi escalonado entre 1953 e 1983. Entre 1953 e 1958 foi concedida a situação de carência durante a qual só se pagaram juros.
A estratégia alemã de negociação foi formulada e conduzida com todo o rigor e com a articulação de todos os agentes políticos. Mesmo perante as condições acima referidas, o Bundestag começou por recusar.
O acordo foi, finalmente, assinado mas sob fortes votos de protesto e só depois de forte pressão dos E.U.A.
O cumprimento do Acordo, por parte da Alemanha, foi possível graças a flexibilidade do seu articulado (pagamento condicionado pelo crescimento) e à política de desestatização/desnazificação levada a cabo pelos políticos regeneradores alemães, essencialmente Ludwig Erhard1, no Ministério da Economia, firmemente apoiado por Konrad Adenauer na Chancelaria.
IV
O Acordo de Londres de 1953 sobre a dívida alemã é um estudo de caso muito interessante que tem interessado os estudiosos das situações de insolvência soberana para nas quais o tema do pagamento condicionado é incontornável
Ainda muito recentemente, o governador do Banco Central da Irlanda elaborou, publicamente, uma interessante reflexão sobre o pagamento condicionado do serviço da dívida soberana irlandesa2.
Para a presente situação portuguesas o estudo do Acordo de Londres também não deixa de ter uma enorme importância.
A ponderação da nossa situação leva-nos a sublinhar três exigências que a experiência alemã mostra serem incontornáveis:
1. A negociação da redução da dívida, o alongamento para um período adequado dos pagamentos e a redução dos juros para níveis moderados (próximos de 3,5%);
2. A entrada em acção de agentes políticos regeneradores, livres das responsabilidades pelas loucuras que provocaram o endividamento excessivo, com elevada capacidade negocial face aos credores;
3. A formulação e execução de uma política equivalente à desestatização/des nazificação da Alemanha que represente uma efectiva ruptura face ao persistente modelo estatizante que nos conduziu até aqui.
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1 As reflexões de Erhard, vertidas em livro (Kriegsfinanzierung und Schuldenkonsolidierung: Finanças de Guerra e Consolidação da Dívida), sobre gestão da dívida a seguir a um período de loucura política, são ainda hoje de grande relevância.
2 No início deste mês, o Governador do Banco Central da Irlanda, Patrick Honohan, propôs o seguinte: "Uma versão simples [de entre as várias opções de engenharia financeira de partilha de risco mutuamente benéfica ] seria a Irlanda pagar mais quando o crescimento do seu produto nacional bruto for forte e menos quando o crescimento for mais fraco. O objectivo destas obrigações ligadas ao PNB, ou de inovações de partilha de risco similares, deve ser restaurar, pela via do crescimento, uma dinâmica favorável do rácio da dívida soberana." (Financial Times de 7 de Abril de 2011)

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José Saramago - Cadernos de Lanzarote - Diário III - pag. 148

>> maio 19, 2011


«Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E finalmente, para florão e remate de tanto privatizar, privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo... e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos.»

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"Carta ao meu "amigo" Zé Socras

>> maio 16, 2011



Zé, meu compincha que tão bem me entendes e compreendes,

Escrevo-te esta carta porque estou revoltada e quero protestar contra as injustiças deste povo em relação a ti e ao teu magnífico governo. Escrevo-te para manifestar a minha solidariedade para contigo, génio incompreendido, como, de resto, o são todas as grandes mentes. Tu, que procuras o bem do teu país, tu que lutas pelo desenvolvimento tecnológico, pela educação, pela saúde, pela economia, pelo trabalho... E, apesar de todos os teus abnegados e heróicos esforços, ninguém te compreende!

Cerca de 300.000 pessoas, um pouco por todo o país, tudo a protestar contra o estado das coisas, contra a falta de oportunidades... Eles não entendem o que tu já tens feito pelo bem deles!

Tu, que levaste para a frente as Novas Oportunidades para que qualquer analfabeto possa aumentar a sua auto estima dizendo que tem o 9º ano sem ter que ir às aulas;

Tu, que criaste programas de estágio para que os licenciados e mestres possam adiar uns meses o desespero do desemprego e, entretanto, serem explorados a baixo custo com imensas regalias... para as empresas;

Tu, que proporcionaste aos alunos a possibilidade de transitarem de ano sem qualquer esforço, criando dificuldades aos malvados dos professores que os queiram reter caso não tenham tido aproveitamento;

Tu, que deste a volta àquela insustentável segurança social que não dava lucros nenhuns, como era o seu objectivo, garantindo, agora, que todos possam ter reformas menores e menos protecção na doença e no desemprego;

Tu, que cortaste os salários aos funcionários públicos, mas que tiveste a decência de salvaguardar os vencimentos dos administradores e dos teus amiguinhos;

Tu, que criaste mais dívida para que todos possamos sonhar com uma viagem de TGV, apesar de não termos dinheiro para os bilhetes e enquanto os trabalhadores da CP vêem as suas condições de trabalho a piorar;

Tu, que poupas dinheiro e decides não fazer um metro em cidades insignificantes como Coimbra, que não te metes em despesas com transportes públicos, tu que ainda por cima só tens 20 motoristas por tua conta e uns poucos por conta dos teus amiguinhos;

Tu, que organizas festas e viagens para mostrar o que de "melhor" por cá se faz, sem olhares a custos...

Tu, que és tão bonzinho, que nos compreendes tão bem, que és tão solidário para com os jovens, para com os trabalhadores, para com os pensionistas... Ninguém te compreende... Pedes justificados e pertinentes sacrifícios à população, discursas sobre o quanto nos entendes e lamentas o que passamos, pois não tens quaisquer responsabilidades sobre o estado das coisas! A culpa é da Ângela, do Nicolau e dos outros meninos maus da Europa. Tu não tens culpa!

Não tens culpa de te preocupares com as despesas excepto com as que dizem respeito a ti e aos teus amigos!

Não tens culpa de quereres luxos na educação, saúde, tecnologia e transportes (de que importa se ainda nem o básico está assegurado?)!

Não tens culpa de desconheceres o que é viver com um salário mínimo ou médio tendo comida, escola, gasolina, água, gás, luz, medicamentos, e outras despesas que tais, para pagar.

Não tens culpa que os professores se sintam mais reclusos que educadores e fontes de conhecimento por causa dum modelozinho de avaliação inofensivo.

Não tens culpa que os pais dos meninos não tenham dinheiro para lhes pagarem os estudos e os sustentarem quando eles não arranjam emprego.

Enfim... Às vezes sinto que vivemos num mundo ao contrário...

Eu, chamo-me Alice e vivo em Portugal, um país que não me dá oportunidades de crescimento, que desaproveita todo o investimento que eu, os meus pais e o estado fizeram no meu desenvolvimento pessoal e académico.

Tu és o Zé e vives no País das Maravilhas, um país em que tudo é como devia ser, graças a ti, mas as pessoas que o habitam são burras e não percebem o bem que lhes fazes.

Não me alongarei muito mais nesta carta, pois já deves ter percebido que estou do teu lado e que te compreendo totalmente! Sugiro-te que saias de Portugal... Por muito que te custe abandonar a pátria pela qual tanto te tens sacrificado, julgo que terás um futuro melhor, em que sejas mais bem tratado, fora deste país cujo povo não te entende nem dá valor ao que tens feito. Vai por exemplo para o Pólo Norte ou para a Gronelândia... Dizem que lá há muito espaço para construíres aeroportos, pontes, linhas de alta velocidade e auto-estradas!

Um beijinho e desejos de boa viagem,

Alice"

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Pagar para comer lixo

>> maio 12, 2011

“ As sugestões alemãs para a Grécia são masoquistas, porque os principais credores residem na Alemanha. ” -Lorenzo Bini Smaghi, membro do Comité Executivo do BCE.

 

Se a vocês vos servirem um prato de lixo, levantam-se da mesa sem lhe tocar. Ora bem, se lhes pagarem para o comer, pensam melhor sobre o assunto? Provam um bocado para ver se não é assim tão mau? Depende de quanto pagam?

Vejam o caso grego. Por entre rumores crescentes de que o país acabará por falir, as agências de qualificação rebaixam a nota da sua dívida ao nível dos “títulos lixo” . No entanto, ontem a Grécia emitiu títulos de dívida a seis meses, e vendeu mais do que o previsto. E ainda houve quem fosse para casa sem a sua ração de lixo, pois a procura triplicou a oferta: os pedidos de compra chegaram a 4.500 milhões.

Ou o lixo não é assim tão mau, ou pagam bem para o comer. Talvez mais a segunda hipótese, pois a Grécia oferece juros disparatados (até 24% na dívida a mais longo prazo). Mas por muito que te paguem, continua a ser lixo aquilo que comes, e para além disso num quadro de rumores sobre uma possível reestruturação da dívida que deixaria sem receber uma parte dos credores. Isto é, como se depois de lamber o prato te pagassem menos de que o prometido.

Como os compradores de dívida não são tontos, e muito menos ainda caritativos, fica descartado que estejam a ser ingénuos, e também não parecem masoquistas. A aposta é forte, com aparência suicida: quanto mais se afunda a Grécia, mais juros paga, e mais ganham uns credores aos quais interessa que continue a cair a pique. Mas claro, a corda estica-se tanto que pode acabar por romper, e a Grécia pode não ser capaz de pagar o que deve.

E o que acontecerá então? Sou eu o único que pensa que os credores –bancos alemães sobretudo– não vão ficar sem receber? Sou estúpido por acreditar que acabaríamos pagando entre todos, que os abutres correm tão grandes riscos porque confiam que a Europa pague a factura se a Grécia não puder? Se o resgate emprestado há um ano apenas serviu para que os comedores de lixo engordem, faremos agora um porreiro-resgate para garantir que ninguém fique sem receber a sua parte? Esclareçam-me isso, porque se assim for, corro a pedir eu também um bom prato de lixo.

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Aumenta número de mulheres que violam homens no Zimbabué

>> maio 02, 2011

Dada a situação económica e a urgente necessidade de fazer os negócios prosperarem temo que, se esta moda pega por cá, isto se vai tornar um genocídio de género...lá teremos que fazer mais sacrifícios pela pátria!



Aumenta número de mulheres que violam homens no Zimbabué

As autoridades do Zimbabué alertaram a população masculina para o aumento de violações por parte de mulheres, que atacam os homens na crença de que tal lhes trará prosperidade nos negócios.
Alerta sobre onda de agressões sexuais a homens

As forças de segurança recomendaram aos viajantes para não pedirem boleia, após um homem de 32 anos ter sido violado por três mulheres que o encontraram na estrada na semana passada, segundo o jornal local Herald.

O indivíduo, que se encontrava em viagem, apanhou boleia de um veículo com três mulheres a bordo que lhe injectaram uma substância ainda não identificada, após este se recusar a ter relações sexuais com elas. O homem acabou roubado, agredido sexualmente e abandonado na estrada pelas três ocupantes do veículo.

O incidente é o último de um número crescente de ataques de mulheres a indivíduos do sexo masculino que já ocorrem há cerca de um ano no Zimbabué.

O inspector da polícia Clemence Mabgweazara recomendou a todos os viajantes que usassem apenas transportes públicos e que se recusassem a entrar em veículos desconhecidos.

De acordo com o jornal Herald, a onda de agressões sexuais a jovens do sexo masculino é "preocupante e ao mesmo tempo chocante".

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