“As leis são como as mulheres, servem para ser violadas”
>> outubro 22, 2012
A frase foi dita durante uma
conversa com outros conselheiros e as reacções não se fizeram esperar. José
Manuel Castelao, presidente do organismo espanhol para os cidadãos no
estrangeiro, disse que “as leis são como as mulheres, servem para ser
violadas”. Pouco depois apresentou a demissão.
José
Manuel Castelao demitiu-se ao fim de quatro dias de um mandato que seria de quatro
anos. Castelao alegou “motivos pessoais”, mas na imprensa espanhola é a
polémica frase que dá título aos artigos sobre a demissão. E “infeliz” é o
adjectivo mais contido para qualificar a declaração, feita quatro dias depois
da tomada de posse. O mandato de quatro anos acabou por não durar uma semana. A
frase foi dita na passada segunda-feira, durante uma reunião, em Santiago de
Compostela, na Galiza, dos membros do Conselho Geral da Cidadania no Exterior.
Trata-se de um órgão consultivo ligado ao Ministério do Emprego espanhol.
Responsáveis deste ministério disseram ao jornal El Mundo que as
declarações de Castelao “estão completamente fora de lugar e são, no mínimo,
infelizes”.
Castelao,
um advogado de 71 anos, admitiu ter dito as palavras que causaram polémica,
“mas não com o sentido que quiseram dar-lhe”. E adiantou que o que quis dizer
“era o contrário”, garantindo que “não quis ofender ninguém, e menos ainda as
mulheres”. Antigo deputado do Partido Popular espanhol no Parlamento da Galiza
entre 2005 e 2009, Castelao disse, citado pelo El País, que o pedido de
demissão não está relacionado com a polémica frase. “Ninguém me pediu que
renunciasse ao cargo. Tenho uma situação pessoal que me leva a não continuar no
cargo. Não tem nada a ver com o que aconteceu, embora seja certo que as coisas
estão a ser relacionadas”, disse ao El País.
A
frase gerou protestos de membros do próprio organismo espanhol para os cidadãos
no estrangeiro e Castelao já foi substituído pela até agora vice-presidente
Marina del Coral. Tinha sido proposto para o cargo, que ocupava pela segunda
vez, pela ministra do Emprego, Fátima Béñez, mas esta nem teve tempo de assinar
a nomeação. No segundo dia em funções, Castelao estava a referir-se à acta de
uma das comissões do organismo, dedicada à educação e cultura, e para a qual
faltava um voto, conta o El País. Terá então dito: “Não há problema. Há
nove votos? Põe dez. As leis são como as mulheres, existem para ser violadas”.
A frase gerou um forte incómodo logo na altura e vários conselheiros exigiram
um pedido de desculpas. Ana María Navarro, membro do conselho pela Venezuela,
onde vive, disse ter ficado atónita. “Foi uma frase absurda e infeliz, para
mais vinda de uma pessoa como ele, que é presidente de um organismo.” Castelao
acabou por pedir desculpa. “Lamento profundamente o que aconteceu. E
duplamente: pelos que a ouviram, quase todas mulheres, e por mim, porque
construí um edifício que me caiu em cima.”
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