Resistir!

>> junho 14, 2009


Resistir é, em primeiro lugar, recusar.

Qualquer resistência passa em primeiro lugar pela identificação e pela rejeição desse círculo vicioso.

Aceitar que pessoas humanas sejam tidas como supérfluas e que acabem por se considerar a si próprias incómodas, é deixar que se instalem as premissas do pior.

Não é ridículo afirmar que todos os totalitarismos têm como base essa denegação de respeito; é ela que abre caminho a todos os fascismos; é por aí que eles se infiltram.

Um dos factores que permitiram ditadores tomar o poder e durar (nunca por muito tempo), foi um certo clima de indiferença maquinal, de aquiescências tácitas, e a impressão partilhada por muitos mas frequentemente (rectificada) de não lhes dizer respeito. Talvez também a aspiração geral duma solução imediatamente delegada.

Não é a convicção prévia ou mais tardia de alguns que permite ao totalitarismo instalar-se; é a não convicção daqueles que poderiam identificá-lo e recusá-lo.

Aos que são poupados falta imaginar o que pode significar existir na pele dos que sofrem e apenas sofrem, sem outra perspectiva que não seja continuar a sofrer, e não por o aceitarem, mas por isso ser aceite.

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