Visões farisaicas da religião

>> agosto 31, 2009

O facto de a religião apresentar como proposta de salvação um conjunto de soluções centradas na ideia de um deus poderoso que tudo rege, tudo comanda e para o qual o homem se tem de voltar, pode levar frequentemente a visões farisaicas da religião que a identificam mais com um campo rígido de normas do que uma adesão intima do sujeito.
Tais visões valorizando mais o sentimento de medo do que a confiança em deus, podem anestesiar as faculdades racionais do homem que, desesperadamente, se entrega de forma cega e infundada a práticas exageradas e pseudo-religiosas.
Acrescente-se ainda que, sobretudo em épocas de crise, não raro o homem se vê a braços com problemas que exigem soluções urgentes e que, por não as encontrar, o lançam num pessimismo sem extremos. A vida parece destituída de sentido pelo que de angustiante comporta. Que fazer, então, se as potencialidades se sentem enfraquecidas? Como reagir e vencer a inoperante imobilidade? Acontece, então, muitos indivíduos caírem numa prostração exageradamente mística, supervalorizando a esfera do divino prosseguindo-a como única e verdadeira solução. Para quê então actuar? Para quê persistir numa busca racional de soluções, se o carácter efémero desta vida a minimiza relativamente à eternidade prometida? O homem desemboca deste modo numa perspectiva mutilada da pessoa que não se coaduna com a valorização e dignificação do ser humano como uma totalidade.

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