A tirania das ideias

>> outubro 19, 2009

«Sempre houve e sempre haverá no mundo homens com o dom da cura, tal como sempre haverá uma ordem de sacerdotes, uma ordem de profetas, uma ordem de guerreiros, uma ordem de reis, uma ordem de poetas. Nos nossos dias, o interesse pelas doenças esmorece. (A importância das cirurgias não é senão uma das provas de facto.) O nosso mundo sofre de perturbação mental – loucura e neurose das mais diversas espécies. Tal como a literatura oscila, por vezes, do poético na direcção do prosaico, assim temos hoje um deslocamento das perturbações físicas no sentido da perturbação mental, com o aparecimento inevitável de novos tipos de génios entre os curandeiros do espírito. A personalidade criadora não quer mais do que um novo terreno onde exercitar os seus poderes; a partir das forças sombrias e inarticuladas, estas personalidades acabarão, mediante o exercício das suas faculdades criadoras, por impor ao mundo uma nova ideologia, um novo sistema de símbolos vivos. O que as massas desejam é a substância concreta, visível, tangível… que as teorias de Freud, Jung, Rank, Stekel e outros proporcionam. Esta substância, conseguem as massas pensar, mastigar, ruminar, fazer em pedaços e adorar. A tirania funciona sempre melhor sob a aparência das ideias libertadoras. A tirania das ideias é apenas uma outra maneira de dizer a tirania de um pequeno número de grandes personalidades

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